domingo, junho 12, 2005

O Espaço reservado de Enya

Neste novo espaço vou apresentar entrevistas feitas a Enya. É uma boa forma de difundir e partilhar mais algumas informações sobre ela, a sua vida e a sua música. Esta entrevista que eu traduzi do inglês, foi publicada originalmente no Boston Globe em 21 de Janeiro de 1996. A entrevista foi feita por Jim Sullivan, e começa com uma introdução dele, as palavras dita por Enya virão a bold. Por a entrevista ser muito grande, ainda ponderei dividi-la, mas poderia ficar algo fora do contexto, por isso apresento-a toda. Espero que gostem...


by Jim Sullivan, Globe Staff - traduzido por john


Nova Iorque – Ela vendeu mais de 28 milhões de álbuns em todo o mundo, quase 10 milhóes nos Estados Unidos. O seu album mais recente (The Memory of trees) está no nº 2 do Billboard's "New Age" há 4 semanas, e está no nº 29 no top 200 que classifica todos os albuns. A sua luxuosa voz de soprano foi ouvida nos filmes L.A. Story, The Age of Innocence, Green Card and Far and Away.
Ela canta em Gaélico, em Inglês, por vezes em Espanhol e Latin. Ela nunca fez uma tournée como artista a solo. As suas principais influências são a musica clássica e a musica tradicional irlandesa.


Parece uma mistura invulgar para um sucesso internacional. Porque aconteceu esse sucesso?
"Deixe-me abrir este pequeno livro de respostas", responde Enya na sua suite de hotel em Nova Iorque, sorrindo e girando o polegar sobre um livro imaginário.
Não, a escritora e pianista de 34 anos (em 1996) também não sabe a resposta, mas ela tem uma teoria: tem a ver com a quietude, a necessidade que as pessoas têm de introspecção e contemplação. "Tenho pensado sobre isso", diz Enya, e "na sociedade de hoje em dia, muitas pessoas não dedicam muito tempo a si próprias. Elas até têm receio de fazer isso. Estão habituadas ao barulho, TV, radio, trânsito, o trabalho. E estão sempre concentradas em problemas todo o tempo: "o que é que devo fazer a seguir?" Problemas, problemas, problemas, e pensam neles a toda a hora".
A sua música, ela sugere, ajuda as pessoas a fazer um bom uso do tempo que passam sós, providencia uma atmosfera na qual o pensamento floresce. Isto, pelo menos, é o que os seus fãs dizem da sua música. A musica, diz ela, "está fazendo as pessoas reflectir e pensarem sobre elas próprias. "Estou feliz?" "O que se passou na minha vida?" Elas intrepretam as suas próprias emoções para a música. Torna-se pessoal para elas. Eu lembro-me de um cavalheiro dizer que se houvesse mais alguém a ouvir a sua música era como uma invasão à sua privacidade, porque era tão pessoal para ele".

E depois há aquela voz. Enya tem uma voz que é um esplendor total, faz conjurar imagens celestiais gloriosas. Ela é uma criadora de sonhos, espiritual, vagamente sensual, um anjo às portas do Céu. O espiritualismo implícito não é por acaso.
"É porque fui criada como Católica," refere ela "O que tenho feito deriva dessa religião que é um conforto para mim... Eu adoro ir à Igreja, a paz e o sossego, eu aprecio muito isso, e creio que isso vagueia para a minha música. E sempre adorei as canções da Igreja, os hinos. Às vezes são apenas uma simples melodia, e adoro saber qual a nota que se segue, a nota que queremos que seja, estamos desejando aquela nota – e acaba por ser aquela nota! Muito obrigado!"
Questão colocada a Enya: alguma vez houve algum artigo escrito sobre ela, que não contivesse a palavra "etérea"?
"Isso, eu não posso responder", responde ela com um ligeiro sorriso. (palpite razoável: Não). "Mas os tablóides britânicos conseguem ser muito maus comigo"
Maus para Enya? É difícil de imaginar. Ela é bonita, educada, composta. Os Punks gostam dela. Os fãs de musica clássica gostam ela. A sua música não conhece fronteiras culturais. E toda a gente usa a palavra começada por E: Enya e etérea foram feitas uma para a outra.
Então porquê a maldade no Reino Unido?
Pode ter vindo, Sugere Enya, porque ela não tem uso para a vida de celebridade pop, nunca se viu envolvida em nenhum escândalo pessoal. Mais, ela é conhecida por trabalhar de forma invulgar: ela sequestra-se a ela própria para o estúdio e trabalha diligentemente, sem qualquer input, excepto dos colaboradores Nicky e Roma Ryan. Ela passa cerca de 10 horas por dia, durante 2 anos, escrevendo e gravando as canções. Os deveres da equipa Enya distribuem-se desta forma: A artista escreve as melodias e canta; Nicky produz; Roma, a sua esposa, escreve as letras. É um círculo fechado – que se mantém assim há 14 anos.

É claro, por vezes as pessoas querem saber mais sobre Enya.
"Eu tenho uma vida muito privada", diz ela. "É muito importante para a música, eu penso que a razão porque consigo ter uma vida privada, é porque a música é maior que eu. Alguns artistas são maiores que a música".
Nada de clubes nocturnos? Nada de sair com outras pessoas famosas?
"Nunca me senti atraída para esse estilo de vida", diz a cantora solteira. "Sempre gostei de ir e de fazer o que gosto. Consegui manter isso. E sinto-me com sorte por o conseguir".
"O problema com os tablóides bitânicos, para começar foi (eles dizerem) "Não revelas nada sobre a tua vida privada. Nós não queremos saber da tua música – queremos saber de ti." Se eu sou honesta e digo que preciso de algum tempo para mim mesma, eles escrevem: "ela senta-se no silêncio, é esquisita. O que há de esquisito acerca de dedicarmos tempo a nós próprios?
Por causa deste gosto pela privacidade, diz ela, na Inglaterra chamam-lhe "a Garbo do pop".
"Eu quero ser deixada em paz
," diz Enya rindo.

Ela admite, no entanto, que a escolha de não discutir a sua vida pessoal pode levar a suposições. "Sim, eu sei", diz ela, não pretendendo mudar o rumo neste ponto. "Eu ainda penso que tomei a atitude certa, em vez de me preocupar com eles, e em querer aparecer no jornal a toda a hora."
Enya está em Nova Iorque há quase uma semana, falando com pessoas dos media. Ela é uma pessoa social, não uma reclusa. Sim, o seu trabalho em estúdio é bastante solitário, mas ela sente-se feliz, gravando e misturando. Ela tem experimentado os prazeres de uma cidade coberta de neve – sem trânsito, apenas alguns pedestres pela 5ª avenida. Ela diz que não é reconhecida por quem passa, e que gosta disso.

A sua música pode flutuar para as nuvens, mas os seus pés estão bem assentes no chão.
Nascida Eithne Ni Bhraonaim no Condado Donegal, Enya frequentou a Catholic boarding school e estudou piano clássico. Ela também se interessou por tradições irlandesas e mitologia druídica. A sua carreira começou quando com a sua irmã Maire, e mais dois irmãos se juntou aos Clannad. Tocando teclados. "Estive dois anos com eles", fala a Enya desta experiência dos inícios dos anos 80. "Gostei da experiência e das viagens, das tournées, mas musicalmente eu sabia que tinha de mudar para outra coisa".

O que era, ela não sabia.

O produtor dos Clannad, Nicky Ryan, no entanto tinha uma sugestão. "Ele falou comigo acerca de uma ideia sobre multi-vocais," conta Enya, "e eu pensei que era realmente fascinante. Sempre adorei harmonia. Não só por estudá-la classicamente, mas também por cantá-la desde miúda muito jovem. Ele não sabia o que procurava, e eu também não. Até que ele disse: "Vamos tentar isto".
Os dois primeiro trabalharam na banda sonora de uma série de TV da BBC "The Celts" em 1985. Ela não tinha qualquer interesse nas letras – "Eu pensava que bastava dar tudo o que tinha emocionalmente para a música". Mas Roma Ryan estava lá durante as gravações e escrevia poesia. "Era óbvio que ela estava a escutar o desenvolvimento da música e a experimentação com os multi vocais, então ela começou a escrever as letras. Tem sido sempre aquilo que eu gosto de cantar. Ela apanha a emoção da melodia".
"Algumas pessoas são musicalmente dependentes de outras," refere Enya, "mas porque todos nós trazemos algo diferente, somos três pessoas individualmente bastante independentes e seguros acerca do que fazemos. Tudo começa comigo".
"Eu começo com as melodias," Enya fala do meticuloso processo. "Por vezes preciso de bastante tempo para encontrar a melodia, de tal modo que posso passar imenso tempo no estúdio, trabalhando diariamente, e mesmo assim achar que não tenho nada para mostrar, ao fim do dia de trabalho, ou da semana. Eu sei que cada dia me leva mais perto, é muito agradável ver uma melodia a crescer… isto constitui apenas os ossos da canção."

De facto, o som da Enya – misturado por Nicky Ryan, é muito luxuoso e complexo. Enya toca todos os instrumentos, ela diz que já cantou mais de 500 vozes separadas para uma canção. Ela descreve o processo de composição como uma viagem, e considera-se a si própria uma artista intuitiva.
Quase todas as pessoas que ouvem a Enya são seduzidas pelo seu som. Um crítico, Jim Farber do New York Daily News não ficou, disse que a sua música era uma "maravilha contrafeita"
A noção de Farber é que a música de Enya, é mais marketing que música, não é pura.
"Bem, eu receio que ele esteja errado," diz Enya. "Algumas pessoas pensam que eu trabalho muito tecnicamente no estúdio, fazendo todas aquelas vozes, mas não há maneira de ser só técnico. A única vantagem que eu tenho é que sou perfeccionista e quando canto multi vocalmente, eu canto exactamente em tempo, mas o tempo livre... porque há certas alturas na melodia em que há uma pausa e eu adoro essa pausa. Por causa do meu lado perfeccionista, sou capaz de cumprir o tempo, mas posso ser bastante espontânea."
Enya tem esperanças de levar o show para a estrada, embora ela esteja ciente das dificuldades produtivas. Seria preciso um coro – uma quantidade de "Enyas" – e uma pequena orquestra. "Com sorte", diz ela, "é o nosso próximo passo. Há tantas partes em cada canção. Eu penso que é possível conseguir as texturas de voz correctas, uma vez que a minha voz varia bastante. Seria muito trabalhoso, mas eu e o Nick sabemos que não vale a pena tentar se a qualidade não for excelente"...


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Posted by john to Entrevistas at 6/11/2005 11:58:00 PM

4 comentários:

Anónimo disse...

Hoje
Quando a tarde já caía
Passei de carro
No Passeio Alegre.

À janela da sua casa branca
Branco senhor reflectia
O rio Douro no olhar.

Tecendo fantasias
Enchia toda a Foz
De Mar!

Era Eugénio de Andrade
O meu Poeta.

Dei por mim sentindo
Sem pensar
Que me faltava uma Janela assim

Onde para além de tudo o que ele vê
E eu não vejo
Pudesse ver

Perto do Fim

O sítio exacto
Onde tudo recomeça,

Até o Mar!




Ag, 2001-08-09

Isabel Câmara
13 de Junho,05 ( poema revisitado )


Escrito por: isa em 2005/06/14 - 01:37

Anónimo disse...

Olá
Amo a Enya e suas canções, porém gostaria de receber informações mais verídicas de sua vida e carreira.
enho alguns cds dela, porém não tenho parte da história da cantora Enya.
Um abraço, sucesso paz e harmonia.
Antecipadamente agradeço o breve retorno.
Celia

Escrito por: Celia em 2005/06/14 - 02:56

Anónimo disse...

As músicas da Enya são suaves, doces.Nos transporta para um mundo imaginário e melhor do que esta realidade que vivemos.

elder lima disse...

Sou um aficionado por heavy metal, mas realmente amos os momentos de solidão em que preciso estar comigo mesmo. E nessas horas viajar através das melodias de Enya, me faz sentir que como se eu fosse o único habitante do universo. É realmente mágico!